domingo, 5 de junho de 2011

Oitavo Fichamento ....
Pesquisas com células embrionárias e reprodução assistida.
Rui Alberto Ferriani
Professor Titular do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo - USP - São
Paulo (SP) - Brasil.. Recebido em: 18/11/2005 Aceito com modificações em: 25/11/2005.

O uso terapêutico das células embrionárias é tecnologia nova com grande potencial médico,
particularmente na área de medicina de transplantes. Envolve a transferência do núcleo de uma
célula adulta do paciente para um oócito doador enucleado com o propósito de gerar um embrião.
Esse cresce até estádio de blastocisto, fase em que as células-tronco podem ser obtidas e diferenciadas
em tecidos adultos. Essas células podem também ser obtidas a partir de tecidos adultos. Embora
haja discussões técnicas sobre quais células seriam melhores para finalidades terapêuticas, a
grande discussão ainda se refere à origem das células1. Não há praticamente objeções quanto ao
uso das células adultas, mas há muitas objeções quanto ao uso dos embriões, sejam eles obtidos a
partir de embriões excedentes após técnicas de reprodução assistida, sejam eles especialmente
manufaturados com finalidades terapêuticas.”(p.639)

“As clínicas de reprodução assistida não têm discutido profundamente a questão ética do congelamento,
atendo-se mais a aspectos técnicos. O artigo de Donadio et al.5, nesse número da RBGO,
traz contribuições técnicas importantes a essa discussão, ao tentar classificar um embrião clinicamente
inviável para fins reprodutivos, mas não totalmente inviável para fins de pesquisa e de
aplicação em clonagem terapêutica. A casuística apresentada é considerável, e a seleção dos casos
analisados em que houve transferência de apenas um tipo de embrião permite conclusões sobre o
prognóstico de gravidez de acordo com critérios morfológicos de avaliação embrionária. O artigo
acrescenta informações que podem ajudar a decisão do casal em congelar embriões ou não, pois do
ponto de vista clínico, congelá-los com baixo escore morfológico apenas cria um problema, pois seu
potencial de sucesso é muito baixo, e essas informações precisam ser passadas a eles, para se
evitarem potenciais conflitos de se terem embriões congelados com prognóstico reprodutivo pobre.
Mas há ainda muitos pontos conflitantes em relação ao uso desses embriões de baixo prognóstico
reprodutivo.” (p.640)

“Donadio et al.5 ponderam que o número de embriões congelados disponíveis no mundo
não seria suficiente para gerar um significativo número de linhagens celulares, e advogam que o
uso de embriões a fresco poderia ajudar essa produção. De fato, após a promulgação da lei de
biossegurança, várias clínicas de reprodução foram abordadas por casais que desejavam doar seus
embriões mesmo que sem congelamento prévio. Do ponto de vista das clínicas, essa solução é
favorável, pois evita o congelamento e suas conseqüências. As decisões corretas, baseadas em
evidências, necessitam ainda de mais trabalhos que melhor definam o potencial dos embriões”(p.641)

“Os dados de Donadio et al.5 ajudam decisões éticas. Mais estudos que avaliem o potencial de
viabilidade de embriões humanos são necessários, para que se tenha cada vez mais conhecimento
da evolução dos embriões produzidos. Os casais podem e devem partilhar da decisão do destino
desses embriões. O potencial reprodutivo pode ser diferente do potencial de geração de célulastronco,
e qualquer idéia pré-concebida pode facilmente ser questionada à medida que novos dados
surjam, em velocidade crescente.”(p.641)

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